segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Res Publica

Ontem foi o dia da proclamação da República, feriado que passou despercebido, já que caiu num domingo mesmo. Mas a data é pretexto para o post de hoje. O Brasil vive um momento de grande euforia, no plano nacional e, principalmente, internacional. Ganhamos a sede da copa, das olimpíadas, Lula é o cara pro Obama, viramos cartaz de filme-catástrofe (2012) e aparecemos até no programa da Oprah. E semana passada ainda fomos capa da revista semanal “The Economist”, talvez a mais importante revista em circulação nos dias de hoje – pegou o lugar que até bem pouco tempo era da “Time”.

A matéria em questão, sob o título “O Brasil decola”, exaltava o Brasil como o país do futuro, slogan mais do que conhecido para nós brasileiros. Só que ao contrário das eternas previsões que nunca se concretizam, a revista deu um prazo. O futuro tão almeijado por nós brasileiros chegará em cinco anos, quando o Brasil se tornará uma das cinco maiores economias do mundo. A revista exalta a potencialidade do Brasil, e diz que o único grande empecilho a essa conquista nospróximos cinco anos é o nosso próprio orgulho.

Acho que nesse ponto a publicação se enganou. Digo isso porque, embora realmente sejamos um povo muito orgulhoso de nós mesmos, das belezas naturais de nosso país, da alegria da nossa gente – parece até propaganda do Ministério do Turismo –, a verdade é que o brasileiro é o mais descrente nisso tudo, basicamente por causa dos nossos representantes. Acho que é consenso geral entre a grande maioria dos brasileiros médios de que tudo isso que aparece na revista, pragmaticamente previsto para se realizar daqui a cinco anos, é uma grande utopia, que por conta da falta de confiança que existe hoje nos nossos políticos, e a decorrente crise no sistema de democracia representativa, mais do que isso, torna-se uma distopia – uma deturpação daquilo que é quase inatingível.

Enquanto as forças oligárquicas que dominam a política regional de nosso país andam de mãos dadas com o presidente Lula, num gritante contrassenso, não vejo como isso tudo pode se realizar em tão pouco tempo. É um contrassenso que as pessoas em geral não veem, pois nunca antes na história deste país tivemos um presidente tão popular. Só pra constar: ele é a 33ª pessoa mais poderosa do mundo, à frente inclusive de Nicolas Sarkozy (marido de Carla Bruni e presidente da França) e Osama Bin Laden (?!?). e ainda por cima, em janeiro será lançado um filme sobre a vida do cara, sendo que ele ainda estará no poder – será que tem alguma ponta da Dilma no filme? E olha que já vi um trailer do filme, e parece que será muito bom, pra chorar mesmo.

O grande problema é que esse endeusamento do presidente Lula, que hoje parte até lá de fora, esconde nossa visão pra muita coisa aqui dentro que não está certa.

O que isso tem a ver com a data em questão? A palavra “República” vem do latim, res publica, que quer dizer coisa pública, que é de todos. Nossos representantes estão mesmo cuidando do que é de todos?

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