sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009


Papo de Pai e Filha

Estávamos eu e o dono da casa, sentados no lado de fora, conversando sobre as mudanças da sociedade, sobre o caos que era a instituição familiar e sobre o futuro que é reservado aos nossos filhos. Bem, por enquanto é apenas ele o maior preocupado, pois ainda não sou pai.
Sabe aquelas conversas que surgem de uma análise despretensiosa, sem nenhuma base formal ou oficial, apenas sobre um olhar de quem está inserido no mundo e cria suas opiniões na base da vivência? Pois então, após começarmos a divagar sobre o céu, o futuro dos nossos filhos foi o assunto da pauta, até que aparece Júlia, com seus quase quatro anos de idade. Ela procura seu pai com os braços estendidos, um pouco sonolenta. O dono da casa a abraça, puxa para seu colo e dá aquele sorriso de pai.

Ao olhar aquela cena, penso em como será com meu filho(a). No meio de uma conversa desanimadora com posicionamentos sobre uma espécie de negativismo quanto ao futuro, ainda é possível pensar em felicidade com filhos e família. Aquele sorriso prova que nada está perdido, de que a sociedade não conseguirá mudar princípios básicos como o amor, o orgulho, o sorriso.

- Pai, conta a história da Estrela Dalva? -, pede, acanhada, Júlia.

- Claro, minha filha -, responde o dono da casa, seguido de um beijo na bochecha de sua cria.

“Há quase 100 anos, no mês de junho, surgiu no céu a estrela mais linda. Era a Estrela Dalva. Seu brilho anunciava a alegria e o amor. As outras estrelas se envergonhavam com a presença da Estrela Dalva. Até que no mesmo mês a estrela mais linda do céu veio para o Planeta Terra e pousou, magicamente, no peito da camisa do Botafogo”

Foi isso mesmo que eu ouvi? Estrela Dalva? Botafogo? Realmente me espantei, e, ao ouvir os risos da pequena Júlia, tive que engolir qualquer comentário que em uma roda de bar sairia como um vento, sem me preocupar com o que os outros iriam dizer.

- Pai, agora conta a história do Garrincha?

Como assim, a história do Garrincha? Não me lembro de como era a minha vida aos três anos de idade, mas com certeza eu não tinha a menor ideia do que era meu time de futebol e muito menos de ídolos e jogadores.

“Era uma vez o anjo das pernas tortas. Seu nome era Garrincha. Apesar da sua deficiência, ele era tido como um grande herói, pois não só vestia o manto alvinegro do melhor time do mundo – o Botafogo – mas não tomava conhecimento da equipe malvada do Flamengo, o time da bruxa e do bicho-papão. Garrincha era a alegria do povo, e todas as crianças brincavam felizes, pois o anjo das pernas tortas sempre salvava o dia.”

Saindo de fininho, para não atrapalhar aquele momento família, pude perceber uma coisa. Não é nada ligado aos carinhos de pai e filha, aos ensinamentos e a construção de um caráter frente à desordem social que nós construímos. A verdade é que aquele homem, o dono da casa, criou um grande filão de livros infantis que faria qualquer dono de editora brilhar os olhos como a Estrela Dalva. È, meu amigo dono da casa... você não sabe o quanto está perdendo.



OBS.: Para qualquer torcedor de futebol fanático, este é um simples ensinamento de como doutrinar seu filho contra as influências de amiguinhos, tios, vizinhos e mídia; na base do amor e do carinho, aquele pai pode ter a certeza que nem um namorado sacana, num futuro ainda distante, mudará a sua escolha. Bem, o nome da criança é fictício, a história não.




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Eu quero é botar meu blog na rua…

 

bangalafumenga

Findo, ou quase, este período de folia carnavalesca, o ponto e vírgula retoma as suas atividades e vem aqui dizer que está decidido: de 2010 não passa, havemos de colocar um bloco na rua; é uma campanha a ser seguida por toda imensa massa de leitores deste blog. Há uns dois anos que eu digo isso mais ou menos, mas agora tenho motivos de sobra.

Digo isso porque nos últimos anos, o carnaval de rua no Rio de Janeiro ressurgiu com uma força espantosa, fazendo aparecer inúmeros blocos por aí, com os mais diversos nomes e estilos. Com isso, o carnaval carioca deixou de se limitar aos desfiles na Sapucaí, cada vez mais restritivos em relação ao público em geral, ganhando assim um aspecto mais democrático; agora todos podem criar seu próprio bloco, desfilar, cantar seu samba etc.

Mas nem tudo são flores nesse novo panorama carnavalesco do Rio. Com esse crescimento do carnaval de rua, todos os blocos, ou ao menos os mais interessantes – e às vezes os nem tão interessantes assim –, passaram a sofrer de um problema: a superlotação. Em todos há uma massaroca de pessoas que se espremem em busca da diversão gratuita que eles proporcionam, e com isso, há uma festa dos ambulantes querendo vender bebidas pra essas mesmas pessoas. A partir daí, o resultado dessa mistura é mais que natural, é fisiológico. Por conta da incapacidade da prefeitura de dimensionar com exatidão os blocos, sobram foliões e faltam banheiros disponíveis. Com isso, as ruas se tornam um grande mictório.

Somado a isso, tem-se também o fato de que, exatamente por conta dessa superlotação dos blocos, os organizadores dos mesmos têm anunciado horários diferentes daqueles nos quais o bloco realmente sairá. Então você corre o sério risco de sair de casa – atravessar a ponte, no caso da redação deste blog –, chegar no local e descobrir que se tratava de um verdadeiro passeio de índio – ainda que sua fantasia fosse outra. Mesmo que estejam sobrando blocos no Rio, o que faz com que sua viagem não seja totalmente perdida, é meio frustrante esse tipo de coisa. A verdade é que lutaram tanto para reavivar o carnaval de rua carioca que, agora que ele está fazendo esse sucesso todo, estão vendo que não era pra tanto – podia esfriar um pouco agora. Pelo menos é a impressão que se tem.

Por isso que, voltando ao primeiro parágrafo deste post, o ponto e vírgula lança sua campanha pela criação do bloco, que sairá, impreterivelmente, no carnaval de 2010 – alguns dias antes talvez, só pra garantir. Com isso, não haveremos de nos preocupar com esses problemas menores e poderemos concentrar e sair na hora que bem entendermos, além de podermos cantar nosso próprio samba-enredo, se alguém se dispuser a escrevê-lo...

Ouvindo Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio.

 Sergio Sampaio - Eu quero é botar meu bloco na rua

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Conte-me uma nova, vai…

“Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos”.

Jarbas Vasconcellos, senador da República.

Não gosto da Veja. Realmente não gosto de suas matérias, entrevistas e também não gosto do Diogo Mainard – por isso mesmo já deixei de assistir ao Manhatan Connection. Tampouco me interesso pela postura tendenciosa de sua linha editorial – não sou jornalista, então não sei se é assim que se fala em jargão jornalístico, mas vá lá. Mas, no fundo, todas essas publicações são tendenciosas, dirão alguns. Mas a verdade é que tendencionismo por tendencionismo, eu fico com aquele que mais me agrada.

Mas, enfim, não leio a Veja, e por isso demorei um pouco a ficar a par do acontecimento político da semana. Quando penso que ainda é algo a respeito do suntuoso castelo medieval perdido em Minas Gerais, vejo que esse assunto já ficou velho. Trata-se, na verdade, das declarações dadas pelo senador Jarbas Vasconcellos a respeito da política nacional, e mais especificamente, do PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro, seja lá o que isso for –, partido ao qual pertence e que ajudou a fundar.

O chocante das declarações proferidas pelo senador não foram o seu teor propriamente dito, mas de quem parte. Tomado por um súbito, e talvez tardio, sentimento de arrependimento para com a nação brasileira, o senador decidiu botar a boca no trombone, e, sem acusar nomes, falar aquilo que todo mundo já sabia. Tardio porque a verdade é que o PMDB já está bastante arraigado nesse atual governo, assim como esteve nos anteriores, e estará no próximo, seja ele da Dilma ou do Serra – fato reconhecido pelo próprio senador em sua entrevista.

O PMDB nasceu do MDB – Movimento Democrático Brasileiro, sejá lá o que isso for –, partido de oposição no período da ditadura. Tendo esta acabado, passamos a adotar o pluripartidarismo e o MDB ganhou um “P” – exigência da lei à época – mas perdeu o status de panteão da moralidade política no Brasil, posição ocupada pelo PT por um breve tempo. A verdade é que hoje o partido é composto por caciques políticos das mais diversas regiões do país, e que não possuem tanta projeção fora de seus territórios políticos, mas sem eles a governabilidade, independete de quem seja eleito, torna-se uma tarefa quase impossível.

Aproveitando-se dessa característica tão peculiar, o PMDB especializou-se, nos últimos anos, em se tornar um partido de barganha, massa de manobra, que leva aquele que paga mais – e quem pode pagar mais? Aquele que está no poder ou na oposição? O próprio parlamentar Jarbas Vasconcellos reconhece isso ao afirmar que “de 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição”, mas apenas montando nas costas do governo e aproveitando de todas as benesses possíveis; veja aí quantas presidências de casas legislativas e estatais, comissões etc.

A verdade é que, para se dar bem hoje no Brasil, e ter a certeza de que a sua mamata irá se perpetuar, não basta ser simplesmente eleito. Faça o seguinte, candidate-se a algum cargo eletivo pelo PMDB, compre alguns votos, se necessário, e voilá: terá a certeza de que poderá por um bom tempo mamar nas tetas do erário, e que, passarão muitos verões, chegarão muitos governos, e você continuará lá.

Não é preciso ir muito longe dos arredores de nossa vizinhança pra testemunharmos quem já esteja querendo se aproveitar dos benefícios que só o Movimento Democrático Brasileiro – até agora não entendi – pode nos proporcionar; vide o nosso post inaugural: Brasil, mostra a sua cara.

A questão não estava no conteúdo das declarações, mas sim do fogo amigo. Até porque alguém aí ainda tinha dúvida de que fosse aquilo mesmo?

***

simpsons_o grito

Edvard Munch, um artista norueguês aí, devidamente autorizado pelo grande artista contemporâneo Matt Groening, produziu essa obra póstuma, a qual revelamos ao público apenas agora, por conseguir expressar com exatidão o sentimento do povo brasileiro ao saber do conteúdo das declarações proferidas pelo senador da República Jarbas Vasconcellos.


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Gregos e Baianos

 

axé   X s11  sp 23-11-05  caderno2  oe  Capa do disco "Tropicália ou Panis et Circencis" - reprodução

Esse post surgiu meio que por acaso. Aqui perto de casa tem um outdoor anunciando um evento – que, por sinal, já passou, quando da feitura deste post – de música baiana – axé, pros mais íntimos. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que, estava representada, ali naquela foto (que pode ser vista acima), a nata da música baiana atual. E que, tirando os mais óbvios, tais quais  Ivete Sangalo e Chiclete com Banana, por exemplo, eu não conhecia quase ninguém.

Ao chegar em casa, fui subitamente tomado por uma vontade de ouvir os discos (e mp3) dos meus artistas baianos favoritos. Não, não peguei nenhum cd da Ivete, ou da Cláudia Leitte – ou será Lleite? Não faço idéia de como funcionem essas coisas da numerologia – mas corri pra escutar Gil, Caetano e afins.

Daí, como toda pessoa que não tem muita coisa pra fazer – mentira!, antes não tivesse nada pra fazer – me peguei pensando a respeito da evolução – ou seria involução? – da música baiana ao longo dos anos recentes. Nos últimos anos, em matéria de música soteropolitana, só deu axé. O ritmo extrapolou as fronteiras carnavalescas, e agora toca o ano inteiro, e em qualquer lugar; toda grande cidade que se preze tem hoje a sua micareta; e as médias e as pequenas também, vá lá. Tipo, Fimdomundópolis Axé, ou Ondejudasperdeuasbotas Folia, daí por diante. Virou uma mega indústria milionária.

Mas, não obstante essa explosão do axé, que não acaba nunca, surgiu também na terra de São Salvador um meio que “contramovimento” – talvez nem tanto – representado principalmente pela ascenção da Pitty. No rastro dela surgiram outras bandas de menor expressão, no mesmo estilo, e com o mesmo sotaque.

Daí a gente conclui que no mainstream baiano só há espaço para duas manifestações musicais: o axé, e o pseudo rock com vocais femininos (praticamente apenas a Pitty) – nada contra o rock ou os vocais femininos, pelo contrário; nossa insatisfação é apenas quanto ao pseudo –, sendo essa última manifestação com uma bem menor expressão.

A gente nem precisa fazer um grande esforço de memória pra lembrar que a música da Bahia é bem mais que isso. Até porque minha “memória” musical não é tão grande assim. Mas se pensar que tudo começou – não há um tempo atrás, e nem na Ilha do Sol, seja lá onde fique isso –, pelo menos em matéria de massificação da cultura baiana, com Dorival Caymmi, e as músicas eternizadas pela pequena notável, daí passando por João Gilberto, e sua fundamental participação na Bossa Nova, pelos Novos Baianos, e sua fusão de choro, samba e rock, em meio a um clima riponga total, encontrando ainda com Gilberto Gil, Caetano, Tom Zé, entre outros, grupo responsável por um dos mais diversificados e antropofágicos momentos da cultura brasileira desde o Modernismo – a Tropicália –, analisar o cenário que se tem hoje acaba nos levando à conclusão de que realmente as coisas poderiam estar melhores. Isso sem falar na própria origem do samba, que independentemente da discussão acerca de seu local de nascimento – eu, sem bairrismo algum (?!?), acredito que nasceu no Rio – teve uma inegável contribuição soteropolitana na sua formação, haja vista que a Tia Ciata, famosa por abrir as portas de sua casa para encontros de sambistas quando o samba ainda era proibido, símbolo de vadiagem, era baiana, assim como não há escola de samba que não tenha uma ala das baianas – é obrigatória.

Mas até que ponto as coisas se contrapõem realmente? Não sei. Pra falar a verdade, consigo achar traços de axé em composições de Caetano, dos Novos Baianos, entre outros, com certeza. Esses foram a gênese dessa música. E na atitude roqueira da Pitty e bandas congêneres, uma coisa meio iconoclasta, como os baianos de antes foram capazes de fazer, só não tem a mesma genialidade. Até porque pra seguir a trilha do sucesso, seria muito mais fácil estar em cima de um trio elétrico.

Bem, onde quero chegar com esse texto? Sei lá… talvez as coisas não sejam tão diferentes assim. Depois de um post mezzo prosa, mezzo poesia exaltando a cultura nacional, alguns dias atrás, isso tudo aqui em cima parece um pouco pretensioso demais. O que faz, tecnicamente, a música de antes ser melhor do que a atual? Na verdade, essa pergunta é só retórica, pois apesar de não entender muito de música, sei que qualquer criança de dez anos ou menos poderia fazer uma lista pra responder isso.

***

Seu Zé acha que eu não deveria ligar tanto; afinal, é tudo música, faz “balançar o esqueleto”, segundo suas palavras, e no fim das contas, pode ter certeza, alguém sempre poderá me pegar desprevenido e me ver cantarolando uma delas por aí.

Meu Deus! Tudo isso apenas porque vi um outdoor na rua. Ouvindo muitas coisas baianas, como dito acima, mas destaco Tempo Rei, de Gilberto Gil, de onde espertamente me apropriei da expressão que dá título ao post.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Feliz aniversário! Envelheço na cidade...

applause Galerinha aqui em casa puxando os parabéns…

É, de fato, num dia como hoje não podia me faltar assunto. Ao olhar pra trás e ver o que se passou, apesar de ainda não ser muito velho, e de ainda não pousar sobre minha cabeça cabelos grisalhos como os do meu avô, muito do que já fiz agora me parece muito distante.

Não há grandes feitos, admito. Pergunto-me, se na verdade, até hoje, de fato, fiz muita diferença nesse mundo, e se o que fiz deixou marcas definitivas até então. Isso não posso afirmar com certeza, e não pretendo divagar aqui nesse nobre espaço sobre isso, mas gosto muito de pensar que sim, que pelo menos um pouco, porém significativo, número de pessoas eu fui capaz de cativar nesse tempo.

Não, este não é um texto de despedida, ou uma carta a ser lida postumamente – Deus me livre disso –, como o tom meio confessional possa levar a crer, até porque espero que venham muitos outros anos por aí. Se assim fosse, o seria apenas pra mim, como uma carta na garrafa, lançada ao mar e que só será descoberta por mim muitos anos depois. Agora, me imagino lendo esse texto daqui a alguns (muitos) anos e pensando sobre o que vinha à cabeça daquele cara prestes a completar mais um ano, com muito e tão pouco vividos até então.

É, pode ser...

Vou enterrar esse texto em um canto escondido qualquer deste blog, e deixá-lo aqui, em stand by; e daqui a um tempo, quando já estiver velho e cansado, se este sítio ainda existir, tratarei de “desenterrá-lo”. Saber se, ao lê-lo, estarei feliz como estou hoje, se minhas expectativas foram de fato alcançadas, minhas metas pessoais e profissionais foram atingidas. Quais são elas? Essas eu guardo pra mim...

Fugindo do gato preto e dos clichês


Sexta-feira 13! É, apesar de ultimamente a redação do Ponto e Vírgula estar mais preocupada em como será o carnaval do que escrever para o blog, a data de hoje merece um post.

Primeiramente, tentaremos fugir do clichê mais usado de todas as mídias, o de entrevistar babalorixás, fazer matéria sobre sorte, sobre não passar embaixo de escadas, não atravessar um gato preto, não quebrar espelhos e por aí vai. Até o mais cético dos homens tem medo da sexta-feira 13, muito por influência da Ana Maria Braga e dos outros programas matinais do gênero. Vamos tentar entender o porquê de a data ser amaldiçoada.



O número 13 é o número do azar. Tentamos um contato com o técnico Mário Jorge Lobo Zagallo para um esclarecimento – na verdade, para desmitificar esta tal verdade – porém, como não temos o telefone dele e nem conhecemos alguém que o conheça, ficaremos sem a versão contrária. Então, ficou decidido que o número 13 é o número do azar e pronto. Só para ninguém ficar chateado, informamos que o número 13 em celta-aramaico-javanês antigo significa “azar tremendo no sexto dia”. Podem pegar o dicionário celta-aramaico-javanês antigo-português, na versão “reforma ortográfica”, está lá.


Mas por que a sexta-feira entra como composição deste mito? Em alguns escritos (o famoso Wikipedia), há explicações no fato de que Jesus Cristo provavelmente foi morto numa sexta-feira treze, uma vez que a Páscoa judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, no calendário hebraico. Tentamos entrar em contato com a montadora de carros Nissan para saber se realmente isso seria verdade, mas com a crise mundial e as demissões em massa, houve corte do telefone.


Agora entendo porque os programas de televisão sempre voltam para o clichê da sorte e do azar. Mas a nossa apurada redação conseguiu uma informação que muitos canais ignoram, talvez por não saber pronunciar: existe o medo irracional pela sexta-feira 13. A medicina dá o nome de parascavedecatriafobia. Então, fugimos do clichê?


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OBS.: hoje a nossa sugestão de música é o “parabéns pra você”, registrada oficialmente pela Summy Company. A homenagem vai para um dos fundadores do blog, que hoje aniversaria em uma data cheia de clichês. Parabéns Renan!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vida, Vocação e Festa

 

Tristeza - Exposição

Cultura, para mim, é vida, vocação e festa, como diria Ariano Suassuna.
É o modo de um povo se expressar, colocar para fora todo o seu pensar.
É mais do que um breve cantar ou falar vai além do que quem não
conhece possa imaginar. É a junção do erudito com o popular, é o misto
de Chico e Alceu, Tom Jobim e Erasmo, Los Hermanos e Paulinho da
Viola. Não digo que é para generalizar, mas dá para juntar.
Está além do preconceito ou modo de falar, cultura é ser, estar,
ficar, permanecer e continuar. É respeitar o que se acha exótico,
gótico, barroco, clássico, moderno, antigo.
Vem do grego, do latino, do europeu, do meu sofrido povo brasileiro.
É a literatura de Machado de Assis, numa mistura fina com Clarisse
Lispector, na beleza da Literatura de Cordel, na defesa da escrita de
Martha Medeiros, nas rodas de samba das ruas, nos bares, esquinas,
favelas, no coco de roda, maracatu, funk, forró, no eterno carnaval.
Tá no país sem preconceitos, pré formações, pré julgamentos.
Advém da multiracialidade, multiculturalidade, do negro, do branco, do
social, vai além do racional, para mim, consiste pura e simplesmente
do emocional.
Emocional do meu povo brasileiro lutador, do sertão e do litoral, da
vaquejada e do brega, chique, elegante, raso,claro e profundo.
É mais do que eu ou você, é um ser Nós, um plural de diversidades
contagiantes, é dar espaço para todos igualmente terem acesso a todas
as leituras, danças, jeitos; é ser um eterno denominador comum, sempre
respeitando as diferenças de cada um, no seu individual.
Vem de mim e de você, vem do saber, é dar ao povo oportunidade de
conhecer, ser cidadão. Cultura, para mim, tá  embutida na tão falada
educação.

 

Essa prosa poética acima é uma contribuição de nossa amiga Leda, recifense, pernambucana, niteroiense, brasileira. Ouvindo Paratodos, de Chico Buarque.