terça-feira, 30 de junho de 2009

Pra que mesmo?

Nesse momento de overdose acerca da morte de Michael Jackson, cumpre postar aqui a capa de um memorável periódico carioca, que trouxe a fatídica notícia:

meia hora_michael

Mas não é esse o ponto nevrálgico da questão aqui (Jacko já rendeu um post aqui e por ora isso já é suficiente). A questão aqui é diferente. Esta, junto a outras inesquecíveis capas desse fantástico jornal nos leva à seguinte indagação: pra que ter um diploma mesmo? Isso, por si só, já dava um belo post, não? Parece que o STF não estava de todo errado afinal.

Ainda bem que o meu diploma serve para alguma coisa. Aliás, está lá no art. 133 da Constituição: o advogado é indispensável à administração da justiça. Foi mal aí, Thiago.

O destaque fica por conta do “bonde dos travecos” na parte inferior. Será que estavam procurando pelo Ronaldo? Meu Deus…

sexta-feira, 26 de junho de 2009

walkin’ on the moon…

Estava atônito. Não havia outra palavra para descrever isso. Era por volta de nove horas da noite, minha aula havia acabado de acabar. Ouço os comentários das pessoas, dizendo que não poderia ser possível isso, no que foram prontamente confirmados pelo rapaz que fica na secretaria do curso:

- É verdade, deu na TV. Foi infarto – ele proferiu tais palavras com uma tranquilidade, de modo que ainda assim recusei-me a acreditar.

Então liguei pra casa, e perguntei à minha imã se era verdade isso que eu tinha acabado de ouvir, e sem nem ao menos dizer do que se tratava ela me disse que sim, que ele havia morrido. O hospital teria demorado a confirmar alguma coisa, mas agora já era certo e definitivo: Michael Jackson morreu.

Nesse momento, esperando o ônibus pra voltar pra casa, passou-me pela cabeça um sentimento, tal qual um déja vù, evocando lembranças da minha infância, e de como me sentira quando soube da morte de pessoas que admirava, como Aírton Senna ou os Mamonas Assassinas. Aquele mesmo sentimento passava agora pela minha cabeça: o sentimento de perda de um ídolo, mas que na verdade, não o perdi agora; já o havia perdido ainda na minha infância.

Michael Jackson foi em seu começo de carreira solo, no começo dos anos 80, um revolucionário na música: suas gravações – com recursos altamente inovadores à época, e que repercutem na música negra de um modo geral até hoje, além do fato de ele próprio compor grande parte de suas músicas –, seu modo tão característico de dançar – talvez fosse sua melhor expressão – e seus videoclipes inovadores – numa época em que poucos artistas ainda se preocupavam com isso, ele já fazia os roteiros e escolhia seus diretores a dedo, dentre os quais até Martin Scorcese – o tornaram um artista completo, a ponto de receber a alcunha de rei do pop pela MTV, título nobre que lhe seguiu até o fim da vida.

A MTV fez e ainda faz muitos artistas, promovendo à categoria de ídolos sujeitos muitas vezes sem talento algum: basta sintonizá-la agora mesmo, que você verá uma série de rappers, emos e Britney Spears, e entenderá. Mas nesse caso fica patente que Michael Jackson foi um artista que fez a MTV, com seus clipes que representavam uma inovação à época – época em que poucos artistas tinham essa sacação do vídeoclipe como instrumento de marketing.

Esse período áureo dos anos 80 estão na minha cabeça como lembranças de algo que na verdade não vivi. Já vagueiam como imagens de um artista que havia entrado para a história da música, incondicionalmente. O Michael Jackson que eu me acostumei a ver era aquele dos anos 90, mais dado a excentricidades e escândalos do que propriamente à música, e que vivia à sombra do artista que fora uma década antes. E foi exatamente aí que não apenas eu, mas todos começamos a perdê-lo.

Mas o que ele fez pela música ficará indelével na história. A verdade é que, cá deste lado do blog, todos achamos Michael Jackson um artista sensacional. Ponto! Quer dizer, ponto e vírgula: até porque a parte dele ser acusado (e inocentado, diga-se de passagem) de abusar de criancinhas não é exatamente algo bom – se bem que uma pessoa negra passar a ser totalmente branca não é também exatamente normal, mas partindo do pressuposto que ele tinha vitiligo e não que isso fosse resultado de seu caráter meio errante, tudo bem.

Pois bem, voltando à linha cronológica de minha história, subo no ônibus e escuto, antes mesmo de dar “boa noite” à trocadora:

- Morreu, morreu, antes tarde do que eu!

Pois é, o problema é que nem foi tão tarde assim…

***

O ponto e vírgula é fã do cara e do que ele fez pela música, como um todo. E, parafraseando uma de suas próprias músicas, don’t (sic) matter if he’s black or white, he’ll always be the king of pop.

Aliás, apesar dessa referência, sinto dizer que não há como escolher apenas uma música dele para ilustrar esse post.

***

Tenho suspeitas de que a morte de Michael Jackson tenha sido um complô armado pelo Sarney e pelo Ahmadinejad, presidente do Irã. Repara só, ninguém mais fala neles. Acho que, pelo menos agora, eles nunca foram tão fãs do rei do pop.

in dê lefiti, in dê ráit, from berraind…

Ficam aqui registrados os nossos parabéns a Joel Santana, técnico da África do Sul nessa Copa das Confederações. Não imaginávamos que o técnico preferido de última hora dos clubes cariocas conseguisse alçar voos tão grandes além-mar.

A seleção brasileira teve que suar pra conseguir vencer a África do Sul, já quase no fim do jogo, com um gol de falta, pelo simples fato de não conseguir chutar quase que o jogo inteiro, tendo em vista o esquema armado por Joel, que fez com que os “bafanas bafanas” estivesse completamente fechada, mas ainda assim conseguisse encontrar espaços na defesa brasileira pra contra-atacar.

No fim das contas, conseguiu levar a África do Sul a um patamar inédito – corrijam-nos se estivermos errados – em termos de competições internacionais organizadas pela FIFA, disputando um honroso terceiro lugar.

E quanto às críticas por conta de seu inglês esquisito, novamente damos os parabéns, eis que não é fácil pensar que ele está lá há apenas um ano, ou um pouco mais, e já consegue se expressar em inglês e o que é mais difícil, entender o que lhe perguntam. Isso tudo considerando que não falava nada de inglês quando chegou lá e também a sua idade, que já não contribui para o aprendizado de novas línguas.

Portanto, reiteramos os parabéns à Joel Santana, mesmo sabendo que, apesar da imensa massa de leitores que tem este blog, ele não nos lerá: The equipe is very good.

Joel e seu memorável inglês...

E pra mim aquela que será a imagem desta Copa das Confederações:

O melhor é a narração do Galvão Bueno...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

das pequenas coisas – vol. I

super menino

A incrível história do super-herói  que se esqueceu delas…

Havia na cidade um super-herói, protetor dos incautos cidadãos, e que os mantinha longe de qualquer perigo. Perseverava noite e dia em busca da paz e felicidade de todos.

Acostumado a feitos heroicos – não poderia ser mais propício, em se tratando de um super-herói –, tais quais salvar a cidade de vilões poderosos, catástrofes naturais, hecatombes nucleares e afins, eis que nosso herói um dia se cansou. Lutava, mas não via fim para a maldade que havia; achava que já fora feito tudo que podia e que agora poderia passar a capa para outro mais jovem – já havia outros como ele, visto que sua bravura inspirou e fez com que outros resolvessem agir também.

Depois de anos trabalhando pelos outros, resolveu dar um pouco mais de atenção a si, pendurando de vez o uniforme. Deixou a cidade nas mãos dos mais jovens, posto que estes teriam mais disposição e condições de protegê-la. E assim se seguiu por alguns meses: os heróis mais jovens cuidavam da cidade, enquanto o nosso super-herói tomava conta de si.

Por um tempo, a paz permaneceu instaurada e nosso super-herói deixou a cidade pra trás e tratou de viajar, percorrer cidades, planetas e galáxias onde até então nunca tinha ido, ao lado da mocinha, com quem nunca se envolveu por achar que nunca teria condições de protegê-la o suficiente – talvez fosse melhor que ela vivesse com outro, que pudesse se dedicar integralmente a ela. Mas agora que ele não tinha ocupação alguma, poderia arriscar.

Mal sabia que os mais jovens não tinham o mesmo conhecimento que ele, e com pouco tempo puderam ser facilmente dominados pelos vilões – aqueles heróis que não o foram não foi por conta de seus poderes e competência, mas porque foram facilmente corrompidos pelo mal. Com isso, foi estabelecida na cidade um período de trevas e muita tristeza, em que os poucos heróis livres que restaram se tornaram coniventes com as vilanias praticadas e com o estado de tirania imposto pelos vilões.

A população não entendia o porquê de nosso super-herói ter dado as costas à cidade em momento tão crítico, e o mesmo sequer se comovia – apesar de ter conhecimento de tudo pelos jornais –, eis que imaginava que seu tempo já tinha passado. Os novos aprenderiam com o tempo que a labuta é difícil, porém necessária, e que com o tempo, tudo se acertaria.

Os cidadãos, por sua vez, a princípio imaginaram que o nosso super-herói se redimiria e, tal qual um redentor, ressurgiria imponente e invencível, venceria todos os vilões e reconquistaria seu lugar nos seus corações. Mas o tempo foi passando e isso não acontecia. Com isso ficaram ressentidos: como pode alguém que por tanto tempo admiraram hoje dar-lhes de ombros, indiferente aos seus apelos?

Continua…

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Além do que se ouve…

Era algo por volta de onze meia, já me encontrava na barca na volta para Niterói – contando o tempo no relógio, pois que ainda tinha um aniversário para ir. Mas felizmente consegui chegar a tempo e dar os parabéns às aniversariantes. No entanto, o que presenciara há pouco não me saía da cabeça.

Pois bem, pensei em começar esse texto do fim, e daí partir até chegar ao começo, mas vi que não sou tão bom nisso quanto imaginei. Então, com o perdão do pleonasmo, comecemos do começo.

Era quase 10h da noite quando a barca atracou na Praça XV. Exatamente a hora para qual estava marcado o evento, mas ao chegar lá, ainda demorou um pouquinho pra começar; estavam ainda afinando os instrumentos. Depois de um dia inteiro regado a samba e feijoada e amigos, e ainda outro aniversário pra ir, minhas pernas pediam apenas um pouco de descanso, mas tudo bem.

Por volta de 10h15, eis que ele adentra o palco, guitarra em punho apenas, inaugurando os trabalhos com “Passeando”, música que não poderia ser mais emblemática desta sua nova fase profissional, eis que, após uma larga introdução na guitarra, conta com estes poucos versos que transcrevo:

“E lá vai deus sem sequer saber de nós
saibamos pois
estamos sós”.

Pois desta vez, Marcelo Camelo estava só; não contava com seus hermanos no palco, mas apenas com uma banda de semi-barbudos (parece ser prerrequisito, ou pré-requisito*, fiquei na dúvida quanto à grafia correta), muito boa, aliás.

Mas ao contrário do que possa parecer, ele não foi imotivadamente abandonado por seus amigos – creia-me, eu entenderia bem se fosse o caso –, mas quis assim; a banda entrou em recesso, ele lançou um disco, e igualmente lançou-se em carreira solo. E pela primeira vez pude conferir in loco o resultado, e posso aqui afirmar, sem receio: no fim das contas, foi muito melhor do que eu esperava.

Fui para lá sem alimentar muitas expectativas a respeito do show, pois para mim, o disco solo dele (Sou) é bom – nada espetacular –, mas em nada se compara aos Los Hermanos. Mas admito que me surpreendi um pouco. O violão, que sobra no disco dele, foi trocado em algumas músicas pela guitarra, o que deu uma melhor dinâmica para a apresentação ao vivo.

E ele ainda consegue em algumas músicas o que no show dos Hermanos acontecia do início ao fim: ter a plateia cantando junto todos os versos. Isso aconteceu em algumas músicas dele, e em todas as poucas dos LH que ele cantou – essas, aliás, as pessoas presentes ao show já reconheciam com uns poucos acordes, podendo-se entreouvir frases do tipo: “é a música tal que ele vai tocar” ou “essa é dos LH”.

Aliás, o ponto alto do show para mim foi justamente uma música dos Los Hermanos, deixada justamente para encerrar aquela apresentação. Trata-se de “Além do que se vê”, uma bela música, mas que para mim sempre teve muito mais força ao vivo nos shows do grupo do que no disco.

Ele começa a canção no violão, sentado num banco e sendo levado pelas vozes na plateia, dando a entender que seria apenas uma versão acústica de uma de suas músicas, até que entra a banda (exatamente no momento em que se canta: “e a turma diz: assim é que se faz”), e no belíssimo momento instrumental, ele troca o violão pela guitarra e segue tocando com a banda. Nesse momento vê-se umas três guitarras no palco, mais teclado, baixo, percussão e trompete, fazendo um som fantástico, e levando os presentes a uma catarse sonora.

De repente, ele tira a guitarra de seus ombros, levanta-a sobre a cabeça como um troféu e agradece ao público presente simplesmente. Despede-se e vai embora, enquanto os músicos que o acompanham continuam naquela sinfonia no palco, até que, um a um, os músicos acenam para o público e se retiram. E nós, daqui de baixo, vemos a música se desconstruindo e o show acabando.

Realmente, foi melhor do que eu esperava. Descobri que o show está muito à frente do disco e vai, de fato, muito além do que se ouve naquela bolachinha.

O vídeo abaixo foi feito na Virada Cultural de SP – não achei nenhum feito no Viradão Carioca – mas vale a pena ainda assim, porque deixa um gostinho de como foi no sábado.

*minha dúvida consiste em que já há, na língua portuguesa, antes mesmo do novo acordo ortográfico, pré-requisito e prerrequisito, só que este último era muito pouco utilizado, pra uma situação específica, enquanto o outro era mais genérico. Agora como fica? Isso podia ser um outro post, mas agora deixa pra lá…