segunda-feira, 15 de junho de 2009

das pequenas coisas – vol. I

super menino

A incrível história do super-herói  que se esqueceu delas…

Havia na cidade um super-herói, protetor dos incautos cidadãos, e que os mantinha longe de qualquer perigo. Perseverava noite e dia em busca da paz e felicidade de todos.

Acostumado a feitos heroicos – não poderia ser mais propício, em se tratando de um super-herói –, tais quais salvar a cidade de vilões poderosos, catástrofes naturais, hecatombes nucleares e afins, eis que nosso herói um dia se cansou. Lutava, mas não via fim para a maldade que havia; achava que já fora feito tudo que podia e que agora poderia passar a capa para outro mais jovem – já havia outros como ele, visto que sua bravura inspirou e fez com que outros resolvessem agir também.

Depois de anos trabalhando pelos outros, resolveu dar um pouco mais de atenção a si, pendurando de vez o uniforme. Deixou a cidade nas mãos dos mais jovens, posto que estes teriam mais disposição e condições de protegê-la. E assim se seguiu por alguns meses: os heróis mais jovens cuidavam da cidade, enquanto o nosso super-herói tomava conta de si.

Por um tempo, a paz permaneceu instaurada e nosso super-herói deixou a cidade pra trás e tratou de viajar, percorrer cidades, planetas e galáxias onde até então nunca tinha ido, ao lado da mocinha, com quem nunca se envolveu por achar que nunca teria condições de protegê-la o suficiente – talvez fosse melhor que ela vivesse com outro, que pudesse se dedicar integralmente a ela. Mas agora que ele não tinha ocupação alguma, poderia arriscar.

Mal sabia que os mais jovens não tinham o mesmo conhecimento que ele, e com pouco tempo puderam ser facilmente dominados pelos vilões – aqueles heróis que não o foram não foi por conta de seus poderes e competência, mas porque foram facilmente corrompidos pelo mal. Com isso, foi estabelecida na cidade um período de trevas e muita tristeza, em que os poucos heróis livres que restaram se tornaram coniventes com as vilanias praticadas e com o estado de tirania imposto pelos vilões.

A população não entendia o porquê de nosso super-herói ter dado as costas à cidade em momento tão crítico, e o mesmo sequer se comovia – apesar de ter conhecimento de tudo pelos jornais –, eis que imaginava que seu tempo já tinha passado. Os novos aprenderiam com o tempo que a labuta é difícil, porém necessária, e que com o tempo, tudo se acertaria.

Os cidadãos, por sua vez, a princípio imaginaram que o nosso super-herói se redimiria e, tal qual um redentor, ressurgiria imponente e invencível, venceria todos os vilões e reconquistaria seu lugar nos seus corações. Mas o tempo foi passando e isso não acontecia. Com isso ficaram ressentidos: como pode alguém que por tanto tempo admiraram hoje dar-lhes de ombros, indiferente aos seus apelos?

Continua…

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