segunda-feira, 8 de junho de 2009

Além do que se ouve…

Era algo por volta de onze meia, já me encontrava na barca na volta para Niterói – contando o tempo no relógio, pois que ainda tinha um aniversário para ir. Mas felizmente consegui chegar a tempo e dar os parabéns às aniversariantes. No entanto, o que presenciara há pouco não me saía da cabeça.

Pois bem, pensei em começar esse texto do fim, e daí partir até chegar ao começo, mas vi que não sou tão bom nisso quanto imaginei. Então, com o perdão do pleonasmo, comecemos do começo.

Era quase 10h da noite quando a barca atracou na Praça XV. Exatamente a hora para qual estava marcado o evento, mas ao chegar lá, ainda demorou um pouquinho pra começar; estavam ainda afinando os instrumentos. Depois de um dia inteiro regado a samba e feijoada e amigos, e ainda outro aniversário pra ir, minhas pernas pediam apenas um pouco de descanso, mas tudo bem.

Por volta de 10h15, eis que ele adentra o palco, guitarra em punho apenas, inaugurando os trabalhos com “Passeando”, música que não poderia ser mais emblemática desta sua nova fase profissional, eis que, após uma larga introdução na guitarra, conta com estes poucos versos que transcrevo:

“E lá vai deus sem sequer saber de nós
saibamos pois
estamos sós”.

Pois desta vez, Marcelo Camelo estava só; não contava com seus hermanos no palco, mas apenas com uma banda de semi-barbudos (parece ser prerrequisito, ou pré-requisito*, fiquei na dúvida quanto à grafia correta), muito boa, aliás.

Mas ao contrário do que possa parecer, ele não foi imotivadamente abandonado por seus amigos – creia-me, eu entenderia bem se fosse o caso –, mas quis assim; a banda entrou em recesso, ele lançou um disco, e igualmente lançou-se em carreira solo. E pela primeira vez pude conferir in loco o resultado, e posso aqui afirmar, sem receio: no fim das contas, foi muito melhor do que eu esperava.

Fui para lá sem alimentar muitas expectativas a respeito do show, pois para mim, o disco solo dele (Sou) é bom – nada espetacular –, mas em nada se compara aos Los Hermanos. Mas admito que me surpreendi um pouco. O violão, que sobra no disco dele, foi trocado em algumas músicas pela guitarra, o que deu uma melhor dinâmica para a apresentação ao vivo.

E ele ainda consegue em algumas músicas o que no show dos Hermanos acontecia do início ao fim: ter a plateia cantando junto todos os versos. Isso aconteceu em algumas músicas dele, e em todas as poucas dos LH que ele cantou – essas, aliás, as pessoas presentes ao show já reconheciam com uns poucos acordes, podendo-se entreouvir frases do tipo: “é a música tal que ele vai tocar” ou “essa é dos LH”.

Aliás, o ponto alto do show para mim foi justamente uma música dos Los Hermanos, deixada justamente para encerrar aquela apresentação. Trata-se de “Além do que se vê”, uma bela música, mas que para mim sempre teve muito mais força ao vivo nos shows do grupo do que no disco.

Ele começa a canção no violão, sentado num banco e sendo levado pelas vozes na plateia, dando a entender que seria apenas uma versão acústica de uma de suas músicas, até que entra a banda (exatamente no momento em que se canta: “e a turma diz: assim é que se faz”), e no belíssimo momento instrumental, ele troca o violão pela guitarra e segue tocando com a banda. Nesse momento vê-se umas três guitarras no palco, mais teclado, baixo, percussão e trompete, fazendo um som fantástico, e levando os presentes a uma catarse sonora.

De repente, ele tira a guitarra de seus ombros, levanta-a sobre a cabeça como um troféu e agradece ao público presente simplesmente. Despede-se e vai embora, enquanto os músicos que o acompanham continuam naquela sinfonia no palco, até que, um a um, os músicos acenam para o público e se retiram. E nós, daqui de baixo, vemos a música se desconstruindo e o show acabando.

Realmente, foi melhor do que eu esperava. Descobri que o show está muito à frente do disco e vai, de fato, muito além do que se ouve naquela bolachinha.

O vídeo abaixo foi feito na Virada Cultural de SP – não achei nenhum feito no Viradão Carioca – mas vale a pena ainda assim, porque deixa um gostinho de como foi no sábado.

*minha dúvida consiste em que já há, na língua portuguesa, antes mesmo do novo acordo ortográfico, pré-requisito e prerrequisito, só que este último era muito pouco utilizado, pra uma situação específica, enquanto o outro era mais genérico. Agora como fica? Isso podia ser um outro post, mas agora deixa pra lá…

2 comentários:

  1. De tirar o fôlego!!
    nunca fui muito fã dos caras (LH) mas reconheço que todos eles (inclusive/principalmente o Camelo) são MUITO FODA

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  2. Show!! Literalmente. A m#$%@ é q perdi os dois shows. Esse negócio de ter de ganhar $$$ é um atraso de vida, pq se vc se dedica a crescer profissionalmente não tem tempo pro lazer e qdo cresce, tem menos tempo ainda...q Puuuxa!!
    Desabafo a parte, parabéns pelo post..justa homenagem. Parabéns pro Camelo, só esses versos ja valiam o show:

    "E lá vai Deus, sem sequer saber de nós
    saibamos pois
    estamos sós"

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