terça-feira, 14 de julho de 2009

Sentado à beira do caminho…

erasmo e roberto

Na semana passada muito se ouviu falar no rei, não apenas o rei do pop, mas o rei Roberto Carlos, e seus cinquenta anos de música. Sinceramente, nunca fui muito fã dele, e isso todos reconhecem: há pelo menos uns quase trinta anos que ele não compõe nada realmente antológico, que justifique a sua majestade.

Admito que em cinquenta anos de carreira ele tem sim suas músicas realmente boas, mas no passado recente não se vê nada de mais. E dessas músicas antigas, a maioria delas feita em parceria com Erasmo Carlos, ou muitas vezes apenas por este.

Por isso que nesse momento de comemorações, venho prestar minhas homenagens àquele que representa de fato a veia artística da dupla Roberto e Erasmo. Sem desmerecer o rei, mas eu prefiro o súdito. Nas últimas semanas, aliás, tenho ouvido bastante um disco do Erasmo, da década de 70 que tem pérolas como “Sentado à beira do caminho” e “Coqueiro verde”, que eu tenho aqui no computador. É engraçado como o estilo dele nesse disco se confunde um pouco com Jorge Ben em algumas músicas, inclusive a voz – talvez devido ao fato de que o próprio Jorge Ben já esteve envolvido com o pessoal da Jovem Guarda, sendo inclusive muito próximo do Erasmo Carlos.

E devo dizer, o som do cara é muito bom, e continua bom até hoje. Basta ir ao MySpace dele pra ouvir o disco mais recente e constatar isso (o disco simplesmente se chama Rock ‘n’ Roll, ritmo que o RC de hoje desconhece por completo).

Acho que RC se tornou rei por ser tão bom em fazer a mesma coisa por anos: a mesma música, o mesmo figurino, os mesmos arranjos, as mesmas manias etc. Erasmo Carlos, por sua vez, tornou-se súdito porque nunca conseguiu ficar estático, precisava sempre se reinventar. Com isso, fugiu da obviedade dos especiais de fim de ano, enquanto o Rei ficou simplesmente sentado à beira do caminho, atirando rosas a quem passava.

Ouvindo Sentado à beira do caminho, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

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