domingo, 17 de maio de 2009

Velhinho de ouro…

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Tratava-se, pois, da última sessão, no último dia, de modo que seria daquela vez ou nunca mais. Nunca mais também não, pois dentro de muito em breve se veria nas prateleiras das locadoras, mas aí a magia do cinema já estaria morta – não haveria mais como se resgatar o prazer de ver o filme em uma tela grande.

Tá certo que o cinema da Uff não é exatamente uma propriedade em termos de qualidade de projeção, eis que comumente a projeção falha, o som fica fora de sincronia ou mesmo se avista microfones no alto da tela – aliás, quando vir algo assim, não se assuste, nem saia falando mal do filme por aí, tipo “que porcaria, como o montador deixou passar uma cena daquelas?”, já que nas muitas das vezes, pelo menos em se tratando de cinema da Uff, o problema pode estar na sala de projeção, e não no filme em si. Pode ser simplesmente questão de se corrigir a projeção, tarefa de quem fica lá naquela salinha.

Mas conjecturas à parte a respeito da qualidade da projeção em si, a verdade é que o cinema da Uff é um oásis em meio ao deserto em que se transformou Niterói, em termos de opções cinematográficas. Poucas opções de cinema de qualidade – sejamos sinceros, a única opção nesse sentido é o Cinemark – e ainda nestes, apenas os blockbusters da vez. Nada contra os blockbusters, muito pelo contrário, são filmes para serem vistos no cinema mesmo, onde eles podem expor de forma maximizada sua finalidade precípua: entreter. Particularmente, me amarro em ir ao cinema ver explosões, e efeitos especiais, cenas de luta e tal; não há lugar melhor para isso.

Mas acho que cinema não se resume a isso; e quando você tem interesse em ver qualquer outro tipo de filme que não se encaixe nesse padrão, só lhe resta atravessar a ponte, pois com certeza, qualquer filme que você quiser ver estará em cartaz em algum cinema de Botafogo, desde os maiores blockbusters da temporada, até aqueles com menos apelo comercial que artístico – como, por exemplo, esse documentário do Simonal. Alguém achava que fosse estrear em circuito aqui em Niterói?

Lembro-me de, durante o carnaval, quando “O Lutador” fora lançado, estar em Santa Teresa, na entressafra de blocos – Carmelitas já havia passado, e corria à boca pequena que outro, que não lembro o nome, estava para começar – mais exatamente naquele Largo dos Guimarães, local onde funciona o único cinema do bairro. Ali fiquei pensando: em toda a cidade de Niterói não havia um único cinema que exibisse esse filme; no Rio, porém, até mesmo no único cinema de Santa Teresa se poderia vê-lo. Mas isso é uma discussão pra outro dia.

Após essa pequena digressão de quatro parágrafos, volto à história: apesar de todas as inovações tecnológicas proporcionadas pelas telas de lcd, dvd’s, pay-per-view por controle remoto etc, nada é capaz de substituir o prazer de se assistir a um filme no cinema, ainda que numa projeção tão deficitária quanto a da Uff. Por ser a última oportunidade de fazê-lo, não hesitei em rumar ao cinema, para a sessão de 16h30, ainda que ela pudesse me custar preciosos minutos na aula do curso que faço às 19h no centro do Rio – digo isso porque tenho o péssimo hábito de não anotar nada da aula quando eu chego lá e o professor já começou. Não sei explicar ao certo o porque disso, mas nesse dia consegui chegar a tempo e anotar tudo.

Mas a aula quase perdida não é o tema deste post.

É certo que as quase duas horas de projeção realmente valeram a pena. “O Lutador” realmente representa a ressureição de Mickey Rourke, como se pode ler no cartaz acima. É bem verdade que não lembro de nenhum filme que ele tenha feito na década de 80 que tenha se tornado antológico – de fato, não lembro de qualquer filme assim de cabeça, a não ser “Sin City”, que é bem recente. Mas isso não muda o fato de que realmente a interpretação dele é surpreendente. Ele consegue em um mesmo filme passar de Arnold Schwarzenegger a Tom Hanks, às vezes em até uma mesma cena. Ver um cara daquele tamanho chorando em uma cena do filme é espantoso.

O elenco todo manda muito bem, assim como a direção também consegue retratar muito bem a brutalidade do mundo da luta-livre, assim como a sensibilidade no coração daquele homem. E ainda tem Evan Rachel Wood como a filha dele, que vale cada (pouca) cena em que ela aparece.

Saí do cinema correndo pra tentar a alcançar a aula a tempo, porém com a sensação de que fiz bem. E dessa vez tenho que concordar com meu amigo Charlles: a música dos Guns’n Roses nunca se encaixou tão bem em um filme.

Podia ser Guns, mas como não curto muito, ouço Take it easy, my brother Charles, do mestre Jorge Ben.

Um comentário:

  1. Muito obrigado pela citação meu amigo. Realmente, a trilha sonora do filme, além do próprio, é perfeita. Há uma seleção de músicas que retratam o rock americano dos anos 80 e que, de uma forma ou de outra, retrata o auge do personagem principal, que como as músicas tocadas, infelizmente ficou no passado. Filme para ver de tempos em tempos. Mickey Rourke rocks!!! E claro, Guns n' Roses, rocks!!!

    Grande abraço.

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