segunda-feira, 6 de julho de 2009

urbi et orbi

Talvez não tenhamos decidido fazer isso porque estava no auge. De fato, talvez hoje isso já não esteja tão na moda assim - a moda da vez com certeza é o twitter. Mas é fato que o fizemos; decidimos criar este blog, há exatos seis meses e quatro dias, para que pudessemos nos comunicar, expressar para a cidade e para o mundo ideias latentes em nossas cabeças.

O blog surgiu das nossas conversas, e da forma verborrágica como costumavamos nos relacionar de modo geral, e assim nos deixar levar pelas mais diversas influências. Agora podemos misturá-las nesse único lugar, vertendo-as nesses intermináveis e incansáveis caracteres, única e exclusivamente para o seu deleite, caro leitor – mentira, isso é puro narcisismo.

De certo modo, decidimos nos arriscar pelo mundo da palavra, dos textos grandes, das histórias com começo, meio e fim, contrariando a atual tendência de se resumir a 140 caracteres - o que é uma aparente contradição, haja vista que o mundo nunca foi tão blogueiro.

Mas há alguns dias lemos que José Saramago, o qual dispensa comentários, e também ele um blogueiro (http://caderno.josesaramago.org/), disse, em entrevista à Folha, que os blogs levam as pessoas a escreverem mais e pior, já que antes elas pouco ou nada escreviam. Falar de um nome como José Saramago é tão problemático como escrever sua vida inteira em apenas 140 caracteres. Mas o mundo já começou a fazer isso, e, por isso mesmo, falaremos de José Saramago.

Bem, como os dois redatores não querem se comprometer com os defensores do Prêmio Nobel (seria uma antonomásia-metonímia?), busquemos do alto da subida do morro nosso estimável e simples amigo Zé:

“Primeiro, dou meus parabéns ao blog, pois não é fácil se manter nesse dias de poucas palavras. Aliás, na última conversa que tive com os caras daqui, vendo (do verbo ‘ver’, diga-se de passagem) um jogo do Brasil e bebendo aquela loira gelada (para não comprometer, prefiro falar da cevada e do lúpulo), falamos sobre a rapidez das coisas. Ontem mesmo era carnaval, e hoje a festa só é vista no Senado.

- O povo quer menos texto? Daremos menos texto! O povo quer falar bonito? Falaremos bonito! - esbravejava um, ao som de Goooooool, de Galvão Bueno.

Falei sem piedade: ‘Não é assim que a banda toca. Se Cartola estivesse vivo, não saberia me fazer chorar com apenas sete notas. Se Pelé estivesse jogando, não conseguiria ser Rei com 10 minutos de jogo...’. E assim fui falando, num dos momentos mais poéticos da minha vida, apesar da pouca falta de atenção vinda dos meus interlocutores, que já estavam dançando com o choro dos italianos derrotados pela seleção de Dunga.

As pessoas não estão escrevendo pior. Aliás, as pessoas não escreviam. José Saramago tinha espaço. Zé do morro não! Agora os meninos do blog me deixam escrever, e estou aqui. Já dei samba, já recomendei site, já indiquei curso de terrorismo; tudo isso sem saber utilizar o ponto e vírgula.

José Saramago, você faz parte deste tradicionalismo que morre a cada dia. E tenho dito.”

Deixamos registrado que o nosso amigo Zé, conhecido por uns como Zé do morro e por outros como José da montanha, é gente boa e escreveu esse texto em troca de uma pinguinha na esquina. Ah, e parabéns a nós, escritores, leitores, colaboradores e Seu Zé, por esses seis meses de vida.

OBS.: tentaremos diminuir os posts, se o excesso de inspiração permitir.

Um comentário:

  1. Sempre achei q duas cabeças postam melhor q uma...tão bonito o texto a quatro mãos.

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