quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quem te viu, quem te vê…

lula south park

Dizem que uma pessoa alcançou de fato uma posição de destaque na cultura pop norteamericana, e consequentemente mundial, quando sua imagem é retratada daquele jeito amarelado e esquisito em um episódio dos Simpsons. Quando o artista ou personalidade política consegue ser retratado daquela forma é porque se encontra naquele momento no ápice da notoriedade.

O Ronaldo é exemplo disso, pois no auge da euforia em torno do time do Real Madrid, quando este contava com diversos jogadores de renome, tidos como galácticos – um fracasso retumbante em matéria de títulos – ele ganhou os contornos característicos dos personagens de Springfield em um episódio em que a Lisa aprendia a jogar futebol. A nossa própria pátria mãe gentil já foi retratada também, em um episódio em que toda a família vinha ao Rio de Janeiro a título de férias – é engraçado como uma família média norteamericana, típica do middle america, aquele centrão do país onde não apenas os estados são quadrados, consiga viajar tanto ao redor do mundo. É verdade que esse episódio não fez tanto sucesso assim por aqui, principalmente entre a classe política – nem tanto entre o público em geral, já que é sabido que esse desenho tem por característica exatamente fazer troça da desgraça alheia, e da própria também (principalmente!), e por isso que é tão bom.

Não, não estou maluco. Não dei essa volta pra falar dos Simpsons, ou da última participação especial em um de seus episódios – a despeito do que a imagem acima possa parecer –, mas justamente do último episódio de South Park, exibido ontem à noite nos EUA. Desenho muito mais ácido que Os Simpsons, mas que também costuma retratar, a seu jeito esquisito, diversas personalidades contemporâneas e históricas. E de certo modo, mesmo que ali os personagens sejam, em geral, muito mais execrados do que ocorre nos Simpsons, ser transformado em um desses personagens cabeçudos, que só andam de lado, também significa reconhecimento no mainstream.

Pois esse último episódio teve justamente como personagem, como se pode ver pela figura acima, o presidente Lula, em uma história que envolvia, além da morte do Kenny (óbvio!), uma invasão alienígena ao planeta Terra, o que resultou na cooperação de diversos líderes mundiais, de modo a se evitar uma catástrofe.

Lula, na verdade, divide a cena com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministo britânico Gordon Brown, entre outros. Daí que faz-nos pensar: o que significa tal aparição? Estaria Lula agora obtendo finalmente a táo desejada alcunha de líder mundial, junto aos já citados, além de Barack Obama, Evo Morales (ops) etc?

Analisemos os fatos recentes: primeiro o presidente norteamericano vira e, em uma linguagem típica do gueto, nem um pouco comum na Casa Branca e adjacências, diz que Lula “is my man”, é o cara, nas prosaicas traduções adotadas pelos periódicos brasileiros. Depois, o cara do Obama bota a maior banca nas reuniões do G-20 e tal – achei até que por pouco não o convidaram pra fazer parte da OTAN também, como se isso fosse possível –, e por fim, ainda diz que agora, o Brasil se tornará credor do FMI. O que será isso tudo, afinal?

É tanta informação, que acho que o Brasil precisará agora passar por uma temporada na análise, pois acho que o povo não se reconhece mais. Quer dizer, pensando bem, lá fora o Brasil está melhor do que nunca, em termos de projeção internacional; praticamente um tigre asiático, ou melhor, uma onça sul-americana. Mas e cá nestas bandas, como andamos? Isso de fato representa uma mudança de paradigma na sociedade brasileira – em termos de geração de empregos, avanços sociais, melhorias na educação e saúde, fim da má-versação de verbas públicas parlamentares etc, etc –, ou será que, assim como a crise, é só mais uma marolinha?

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