sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Blame it on the Holocaust...

Tragédia comendo solta na terra onde Jesus nasceu, e não, não é Belém do Pará. Na faixa de Gaza e adjacências, Israel mantém sua ofensiva contra o Hamas, causando mais morte e destruição do que a média, em se tratando daquele aprazível local, especificamente.

Tudo começou há sessenta e quase um anos, quando o mundo, sensibilizado pelo sofrimento dos judeus no pós-guerra, e movido por um sentimento de culpa típico da civilização judaico-cristã ocidental, extirpou um pedaço da terra dos árabes e deu de presente à galerinha de Sião, como compensação por tudo que sofreu nas mãos daquele pintor bigodudo de Berlim.

Sem querer entrar no mérito da questão e tomar partido de um lado ou de outro – haja vista que ambos estão errados nessa contenda – há que se tecer algumas considerações. A verdade é que o mundo encontra-se atônito diante desta ofensiva perpetrada por Israel, e os chefes de Estado das principais nações europeias não poupam esforços em condená-la, pedindo que Tel Aviv reconsidere e faça uma trégua, e todo aquele blá-blá-blá diplomático típico dessas situações de tensão internacional. No entanto, não obstante toda essa pressão internacional para que Israel negocie um cessar-fogo, o mundo parece temer tomar alguma atitude mais enfática em relação a essa peleja internacional; prova disso é a não-aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU condenando a ofensiva israelense.

É certo que o lobby norte-americano – se é que se pode chamar de mero lobby quando o silêncio do país mais poderoso do mundo tem mais peso do que qualquer determinação direta de qualquer outro país – foi decisivo na decisão do Conselho em refugar diante desse imbróglio todo, como um Baloubet Du Rouet manco. Os EUA, por sinal, na condição de maiores aliados de Israel e de único país ocidental que realmente poderia fazer alguma diferença nessa questão, é de fato o último interessado em meter o bico nessa questão. Mas a verdade é que, ainda que todos se apressem em condenar a situação e pedir Israel considere em sua ofensiva, todos permanecem reticentes em tomar alguma posição mais rígida. No imaginário coletivo ainda permanece aquele já mencionado sentimento de culpa que o Ocidente carrega pelas atrocidades cometidas contra o povo judeu durante a Segunda Guerra. Parece que o Holocausto tornou-se uma carta branca para que Israel possa fazer o que bem entender contra seus inimigos, ou seja, todos ao seu redor.

Desta forma, o governo israelense produz um novo holocausto, desta vez contra o povo palestino, uma vez que os ataques não tem alvo certo – até mesmo por conta do caráter errático das ações do Hamas – e acabam atingindo crianças e adultos civis palestinos, que nada têm a ver com a guerra, a não ser a nacionalidade. Ambos os lados só produzem mais ódio, em uma situação que não vai ter fim nunca; afinal, sob o prisma dos palestinos, que tiveram um pedaço da sua própria terra entregue a estrangeiros, que ainda por cima, não se cansam de tacar-lhes bombas na cabeça, matando seus filhos e esposas, não é nada fácil pensar em trégua, paz e outras dessas coisas. E ainda, sob a ótica israelense, qualquer um se apavoraria diante da ideia de ter que dividir o seu espaço com alguém que pode lhe representar um perigo imediato, e constante, já que homens-bomba explodem em qualquer lugar, e os mísseis palestinos já alcançam grande parte do território israelense.

O mundo se descabela diante desta situação tão trágica. Mas eu conheço uma pessoa que não está nem aí pra tais fatos: o nosso grande colaborador, seu Zé, que disse não ter interesse nenhum nessa história toda. Aliás, ele não entende porque esse pessoal briga tanto por aquele pedaço de terra em que só cresce “pé de azeitona”. Ele acha que tudo poderia ser facilmente resolvido em uma disputa de purrinha, numa mesa de bar, e aquele que perdesse, só de sacanagem, se mandava pra Argentina – palavras dele; nós da redação não temos nada contra nuestros hermanos.

Mas enquanto isso não acontece, o seu Zé nos indica esse curso rápido de terrorismo aí embaixo, legado de W. C. Bush para o mundo:

Que os palestinos não tenham acesso a esse conteúdo...

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