sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A Favorita termina hoje e a grande saga da protagonista maléfica Flora deve acabar como qualquer outro final de novela: ela vai se dar mal. Confesso que não sou o fã número um das novelas da Globo (nem da Record, Bandeirantes e Televisa-SBT), mas tive a oportunidade de ver alguns capítulos – na verdade, muitos – e participei de conversas acaloradas sobre as peripécias da malvada loira. Como todo brasileiro que gosta de opinar em tudo e oportunista ao pegar carona no sucesso do folhetim, aí vão as minhas considerações:

- O começo da novela estava bem cansativo, com aquela história de quem era a grande vilã. Entre a loira caipira e a dondoca tarracuda, o povo entrou numa discussão que só foi resolvida lá pelo capítulo qüinquagésimo e alguma coisa (o Word cisma em colocar a falecida trema...). Será que esse modelo de novela pega por aqui?

- O que seria o jornalista Zé Bob? O cara ficou a novela toda sem trabalhar, dava altas desculpas para a chefe e no final ainda é o queridinho das telespectadoras. A redação do Ponto e Vírgula resolveu ficar o mês sem trabalhar e ver no que dá... Bem, esperemos pelo menos o carnaval.

- Até gostaria de fazer um concurso para eleger a cena mais sensacional da novela. Apesar de ter visto poucos capítulos – na verdade, muitos – tive a sorte de presenciar o que seria digno de um prêmio rodriguiano de arte, texto e afins. Todos vão se lembrar das cenas da psicopata Flora e seus assassinatos estratégicos e assustadores. Outros até pensarão nas tentativas de assombros psicológicos de Donatela e a sua espetacular musica Beijinho doce (10 segundos dessa música deixa qualquer um maluco). Mas a cena que me marcou me lembrou filmes como “A dama da lotação”, “Engraçadinha” e “Sete Gatinhos”. Descrevo-a: O cachaceiro Leo, após uma briga com sua família, perambula pela cidade pacata-interiorana que não lembro o nome. Já era noite, e nas ruas só se ouvia o cantar das cigarras, corujas e animais sombrios. Do nada aparece a esposa do prefeito, Dedina, que no momento já tinha sido desmascarada pela população como a Dona Flor de seus namorados, ficantes e Ricardões. Pois bem, na escuridão, Leo bêbado e com seu orgulho ferido, não encontra outra situação que não o do estupro da gostosa. Ele a agarra, joga no capô do carro, dá umas palmadas e parte para a ação. Alguns segundos se passam até que a vítima começa a gargalhar. Eu como telespectador não entendo nada, mas o prosseguir da cena revela a grande verdade da situação. Dedina começa a gritar: - Estuprador Broxa! Estuprador Broxa! Acredito que nem Nelson Rodrigues teria pensado nisso.

- Por último, revelo as incongruências da novela: Jornalista que não trabalha, ex-viado, argentino gente boa, super-produção na gravação do vídeo escondido da morte do velho advogado (o jogo de câmera parecia de cinema ou de novela), cantor de sucesso que só canta uma música (tudo bem, está cheio desses por aí, mas eles sempre tentam cantar outras, né?), político arrependido, entre outros.

Bem, o certo é que a novela fez sucesso e apesar de ter assistido poucos capítulos – na verdade, muitos – posso dizer que sentiremos falta das matanças em horário nobre da loira do beijinho doce. E eu tenho que tomar vergonha na cara e desistir (ou assumir) de vez de assistir novelas.

2 comentários:

  1. Eu tenho alguns apontamentos.
    Não vou me estender muito, visto que não sou crítica de novela, na verdade eu apenas faço crítica a elas, que para mim já estão na fase da falta de criatividade, pois todos já sabem qual o final do vilão e do mocinho. Final de novela é sempre assim: mil casamentos, mortes ou prisões.
    A minha principal crítica é que Flora, a interiorana psicopata, cantora, administradora de empresas e quem tem um beijinho doce só faltou matar a nós telespectadores e os diretores da novela, visto que até o pobre cachorro do aprendiz de Zé Mayer Bob ela matou.
    Achei um exagero o número de mortes e tinha até medo de assistir, temendo ser envenenada ou ganhar uma bala achada...
    Enfim, achei o desenrolar da trama um tanto quanto exagerado quanto ao número de mortes, chantagens e derivados.

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  2. A verdade é que sentiremos saudades da loira de beijinho doce que odiava até a filha (como assim!?! bizarra demais), mesmo tendo assistido poucos capítulos - na verdade muitos.

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