quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A volta dos que não foram...




Hoje deu-se a confirmação de uma notícia que, tenho certeza, muito alegrará o pessoal daqui da redação: a volta dos Los Hermanos, após um hiato de quase dois anos, em que seus integrantes tomaram conta de seus projetos pessoais. Marcelo Camelo, cabeça da banda, lançou seu primeiro disco solo, que, independente de qualquer juízo de valor, o alçou à condição de um dos grandes nomes da MPB atual. Já Rodrigo Amarante, o coração da banda, juntou-se ao stroke carioca Fabrizio Moretti e criou a banda Little Joy, cujo CD, lançado lá fora no fim do ano passado e aqui nesse começo de ano, foi apontado como uma agradável surpresa. Barba e Medina, por outro lado, se juntaram a outras bandas, excursionando por aí. Com essa notícia da volta dos Los Hermanos, lembrei de um texto que escrevi na época do anúncio da pausa da banda, e que transcrevo aqui embaixo:


"No último dia nove (na verdade já era dez) deste insólito mês de junho aconteceu algo que entrará para a história (a minha, pelo menos): o último show do Los Hermanos antes do dito recesso por tempo indeterminado, ou do fim definitivo, não sei. Espero que sejam somente umas férias, apenas mais longas que os habituais primeiros meses a cada dois anos, e que essa indeterminação torne-se em breve determinada. Por favor!


Fato é que, não obstante todos os problemas de ordem técnica, característicos da Fundição Progresso, a noite foi memorável e única. Os fãs – categoria na qual me incluo – cantavam em uníssono todas as canções da banda, como numa grande catarse coletiva. Fato um tanto quanto emocionante, até mesmo em se tratando de uma banda notoriamente conhecida por emocionar seus fãs com suas letras inspiradíssimas e de sensibilidade ímpar. E por fazê-los cantar juntos todas as músicas, do começo ao fim – apesar disso já ser uma “regra” em shows do Los Hermanos, nesse dia foi diferente, realmente especial.

Cheguei lá na Lapa por volta de 11 horas, sendo que o show começaria apenas depois da meia-noite (por isso dia dez lá no começo deste texto). Já encontrara o local completamente abarrotado daquela massa indecifrável de pessoas. Indecifrável porque, apesar de haver entre o público aqueles facilmente identificáveis como fãs do Los Hermanos – caras barbudos, roupas listradas, all-star etc. – ainda assim é possível encontrar nessa multidão muitas pessoas que nem de longe se encaixam nesse perfil. Na verdade são pessoas de todos os tipos que estão ali apenas pela comunhão proporcionada pela identidade que possuem com as músicas da banda.

Quando eles entraram no palco e puxaram os acordes da primeira música, “Dois Barcos”, suas vozes, e qualquer outro tipo de som que ousasse sair das caixas de som da Fundição foram completamente abafados pelas vozes da multidão que cantava junto como se fosse pela última vez – e provavelmente será, por um bom tempo.

Pra fazer frente a esse show, apenas um que eu assisti há quatro anos – justamente o primeiro que eu vi, aqui em Niterói. Ainda não era muito fã de Los Hermanos, tinha acabado de comprar o Ventura, meu primeiro CD deles, e ainda por cima tive de esperar horas devido a um atraso por problemas técnicos. Estava extremamente cansado e desconfortável com aquela espera. Ainda assim, quando eles pisaram no palco e começaram a tocar, fiquei fascinado, e esqueci todos os perrengues até então. No entanto, acho que não dá pra afirmar que supera o show da Fundição no dia nove, uma vez que este nos deixou a amarga sensação de despedida.

Foi uma noite triste, porque tão cedo não veremos os Hermanos e ouviremos suas doces melodias e sensíveis letras ao vivo novamente. No entanto, apesar de toda a tristeza, tenho certeza que muitos, assim como eu, ao deixar a Fundição não conseguiam esconder no rosto o sorriso de satisfação, por mais um show dentre os muitos que ainda hão de vir. Até logo."


Devo admitir que o retorno veio mais cedo do que esperava, até mesmo por conta das carreiras solo dos dois vocalistas. Mas pelo visto, esse "até logo" durou o suficiente pra não perdermos aquele sorriso de satisfação ao fim do show...

P.S.: Esse show em Niterói foi marcante não apenas para o autor deste texto, como para todos da redação.


Um comentário: